O Livro de Urantia
UMA SÍNTESE DO LIVRO DE URÂNTIA
[por J. Frederico Abbott Galvão Jr.]
Introdução
Desde 1955 vem sendo editado nos Estados Unidos “O Livro de Urântia”, uma revelação divina de 2100 páginas, apresentada por 24 personalidades celestiais. Esse belíssimo Livro descreve a Divindade e a evolução de toda a Criação, desde a Ilha do Paraíso e os mundos perfeitos de Havona até além dos 7 superuniversos do tempo-espaço, cada um deles com 100 mil universos locais. No sétimo superuniverso (Orvônton, uma elipse com 500 mil anos-luz de diâmetro maior) encontra-se o nosso universo de Nébadon, governado por Cristo Micael (Filho Criador Maior Micael de Nébadon) e pela Ministra Divina de Sálvington, Filha do Espírito Infinito, com o auxílio de seu primogênito Gabriel. As 700 páginas finais do Livro relatam a vida de Jesus entre nós, a religião viva, que pretendemos sintetizar posteriormente.
Os 196 documentos que compoem a revelação foram transmitidos, “por métodos autorizados superiormente”, a um grupo de 70 cidadãos de diversas profissões em Chicago, Illinois. A compilação das transmissões, feita aos domingos e em sigilo, entre as décadas de 1920 e 1950, foi coordenada pelo Dr. William Samuel Sadler, por muitos considerado o pai da psiquiatria norte-americana.
Constituída em 1950 para divulgar esta Quinta Revelação de Época, a Fundação Urântia já produziu 600 mil cópias e tem ultimamente vendido a obra a um ritmo de 30 mil exemplares por ano. Os editores pretendem, com o tempo, tornar a revelação acessível a todos os povos da Terra. Além da original em inglês já existem edições em coreano, espanhol, finlandês, francês, holandês e russo, que podem ser obtidas pela internet (www.urantia.com) ao preço de US$ 34.00. Estão adiantadas mais cinco traduções e outras nove iniciadas. Um brasileiro fez em São Paulo a tradução para o português, que já está disponível em CD-ROM por US$ 14.95 e deverá ser publicada como livro em 2005.
É política da Fundação Urântia evitar a publicidade aberta, para deixar que o Livro lance raízes progressivamente. Isso porque as verdades nele contidas são válidas para os próximos milênios, não apenas para a nossa geração; e também porque a complexidade de seu conteúdo, no qual se descreve apenas a parte da Criação que nos concerne, está no limite de nossas possibilidades de compreensão. Assim se explica o fato de informações tão essenciais não estarem ainda incorporadas às nossas ciências, filosofias e religiões. Deus não tem pressa, pois o tempo inexiste no Paraíso e a eternidade dita o compasso de Suas ações. Depois de conhecê-Lo nessa revelação, cada leitor utilizará seu livre-arbítrio para praticar individualmente a religião verdadeira, independente dos rituais, dogmas e dissensões das crenças evolutivas atuais.
Em relação à fé, convém registrar que para a salvação da alma não basta uma convicção lógica, é necessária a sua prática na vida diária, amando-se a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo; por um lado buscando a perfeição, como convida o Pai e por outro tendo paciência, como recomendou Jesus. O propósito desta síntese espontânea, após duas leituras, é motivar os leitores a conhecerem no Livro a grandeza da Criação, o seu futuro espiritual, o verdadeiro passado da humanidade e a mensagem completa de Jesus.
A Teologia
O livre-arbítrio divino se manifesta no plano-mestre da Criação e na realidade que nos circunda. Mas Deus opera de tal forma que nenhuma personalidade celestial pode interferir no livre-arbítrio de cada um de nós, seja qual for o ato que pretendamos praticar. Quando tomamos uma decisão acertada, o Anjo Guardião do Destino tenta proporcionar-nos condições, no plano social, para sua concretização. O Monitor do Pensamento, por sua vez, a cada noite elabora um curso de ação ideal que nem sempre percorremos no dia seguinte: ele é o espírito dentro de nós, que também atua em nossos sonhos, muitas vezes distorcidos pelo cérebro. Em contrapartida à liberdade nesta vida temos dois deveres principais: cumprir as obrigações terrenas de nosso tempo e lugar e construir o destino de nossas almas. Mesmo nas vidas adiante nos é sempre dada a escolha de prosseguir no caminho da perfeição ou desistir.
O Pai Eterno Mais Que Espírito é a Primeira Fonte e Centro de todas as coisas. Vive na Ilha do Paraíso, a única massa imóvel da Criação, de onde dirige todos os acontecimentos, com o Filho Eterno e o Espírito Infinito. De lá não pode Ele ausentar devido ao equilíbrio que irradia para todos os universos com suas energias mais que pessoais, não compartilhadas nem com o Filho. Ao atuar como Supremo, Sétuplo, Último ou Absoluto no tempo-espaço, o Pai evolui à medida que estende sua presença, quer no mundo físico em estabilização crescente, quer na proporção da sintonia das criaturas com o seu pensamento, à medida que os planetas, sistemas planetários, constelações e universos atingem cada um dos quatro estágios de Luz e Vida. Estes são como o céu na terra: seres humanos se comportando de forma cada vez mais espiritual.
O Criador está em contato com todos nós humanos pelo seu Circuito de Personalidade e presente junto a cada um pelo Monitor do Pensamento, um fragmento pré-pessoal d’Ele mesmo ao lado de nossa mente material, que com ela constrói a alma moroncial durante esta primeira vida e com a qual depois se fusiona e se aperfeiçoa ao longo de 670 vidas posteriores a caminho do Paraíso. Após morrer aqui, evoluímos do primeiro nível moroncial (anímico) até o sexto nível espiritual, em corpo progressivamente mais avançado. Desde que Jesus enviou o Espírito da Verdade em Pentecostes, todos os urantianos de mente normal recebem um Monitor Divino por volta dos seis anos de idade. Mesmo as crianças que morrem antes dessa idade, quando têm potencial de sobrevivência, são levadas para uma creche nos Mundos de Aperfeiçoamento Inicial da Alma, onde esperam o pai e (ou) a mãe sobreviventes. O Filho Eterno, por seu turno, contata-nos pelo Circuito Espiritual e o Espírito Infinito, pelo Circuito de Mente, sempre com o auxílio do Espírito da Verdade. O Pai é amor, o Filho, misericórdia e o Espírito Infinito, ação.
Para possibilitar-nos o entendimento de tal complexidade, inacessível de outra forma, os autores explicam que graças ao Filho Eterno, seu Verbo, o Pai superou as limitações de sua infinidade em eras tão remotas da eternidade que ainda não havia registros escritos na Ilha do Paraíso (uma pré-história, como a nossa). Em certo momento posterior o Pai e o Filho, em pensamento conjunto, criaram o Espírito Infinito e estabeleceram a Trindade Suprema. Nessa era começaram os registros escritos e surgiu, em volta do Paraíso, o bilhão de mundos perfeitos de Havona governados pelos Eternos dos Dias, cada um dos quais com um estilo individual de perfeição. Foi nesses mundos perfeitos que Cristo, filho paradisíaco da primeira ordem (Micael) de criadores de universos, nº 611.121, completou sua capacitação para dirigir Nébadon, na qualidade de Filho Criador Menor.
O Tempo-Espaço
A partir do Universo Perfeito Paraíso-Havona a Trindade Suprema começou a criar os 7 superuniversos do tempo-espaço, que descrevem majestosas elipses concêntricas em torno da Ilha Central, no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio. Os setores maiores dos superuniversos orbitam ao redor das 7 capitais superuniversais; os setores menores giram em volta da sede de seu respectivo setor maior; e os universos locais gravitam em torno da capital de seu setor menor, harmoniosamente. As constelações, os sistemas planetários e os sistemas solares dos universos locais seguem o mesmo padrão. Neles o aperfeiçoamento dos seres materiais ascendentes como nós é um fenômeno lentamente progressivo. Até agora nenhum dos superuniversos atingiu a Era de Luz e Vida em todos os seus universos locais, constelações, sistemas planetários e planetas, como estão destinados ao cabo de sua evolução. Enquanto isso a Criação avança ainda mais longe, nos três círculos do espaço exterior. Embora desabitados, tais círculos revelam a presença de “uma incrível ação energética que aumenta em volume e intensidade por mais de 25 milhões de anos-luz”. No espaço exterior estariam os domínios do Deus “Absoluto Não-Qualificado”.
A gênese da matéria ocorre quando seres paradisíacos (os Organizadores da Força Decanos) induzem uma complexa alteração das freqüências de diferentes energias e forças em conjunto, em dado lugar do espaço, originando os gases primordiais. O tempo, por sua vez, passa a existir quando a matéria assim criada por eles é posta em movimento. Desta maneira se cria o tempo-espaço. Os sóis depois formados se cercam de planetas e luas, em alguns dos quais as condições físicas pouco a pouco tornam possível a implantação do plasma vital do Pai por outras personalidades celestiais, os Portadores de Vida. Adiante dos três círculos do espaço exterior os autores acreditam que talvez haja uma criação adicional nem a eles revelada, “um universo possível, de infinidade em constante expansão”. Isso, porém, não nos diz respeito ainda, nesta fase intermediária de evolução para uma distante era de Luz e Vida. Estamos bem longe de espirituais, em comportamento individual e coletivo. Além disso, é oportuno registrar: os planetas em nosso estágio de amadurecimento normalmente conhecem o macro-cosmo apenas até o nível de sua constelação.
O Universo Local de Nébadon
Vejamos então como se formou o nosso universo local; como iniciou e evoluiu a vida na Terra (há 550 milhões de anos), com seres unicelulares em solução salina, até o aparecimento do primeiro casal humano ascendente (faz 1 milhão de anos); como foi a Cidade Planetária na Mesopotâmia (500 mil anos atrás); como se deu a rebelião de Lúcifer e Satã (há 200 mil anos); como foi o malogro, aqui, da Cidade Planetária e do Jardim do Éden (no Oriente do Mediterrâneo, há 40 mil anos), os dois núcleos condutores do progresso em todos os planetas normais. Também pretendemos sintetizar, em texto à parte, como foi a encarnação de Jesus neste planeta, no qual ele completou os sete auto-outorgamentos em diferentes ordens de suas criaturas, antes de governar seu reino como Filho Criador Maior.
“Um Filho Criador Menor passa a estruturar e povoar seu universo depois que os Organizadores da Força Decanos do Paraíso efetuam as manipulações iniciais da força espacial e das energias primordiais”, provocando uma grande explosão – assim se confirma a teoria cosmológica do “Big Bang” como um fenômeno local genialmente descoberto por nossos cientistas. No caso de Nébadon tal gênese começou há 875 bilhões de anos terrestres, após a seleção de “um setor do espaço onde as condições eram favoráveis”. 75 bilhões de anos mais tarde, quando as energias emergentes reagiam diante da gravidade local e linear, começou o trabalho dos Diretores do Poder e dos Controladores Físicos Decanos nascidos em nosso superuniverso de Orvônton, que mobilizaram aquelas energias para criar sóis e esferas materiais habitáveis com base nos gases ancestrais. Eles também produziram “o vasto complexo de linhas de comunicação, circuitos de energia e canais de força que ligam firmemente os múltiplos corpos espaciais do universo local em uma unidade administrativa integrada”. O primeiro sol de Nébadon surgiu há 500 bilhões de anos – o nosso existe há 5 bilhões de anos, no centro do sistema solar de Monmátia.
Há 400 bilhões de anos o então Filho Criador Menor que viria a ser Jesus de Nazaré escolheu a Nebulosa de Andronover para formar seu universo e quase de imediato foi iniciada a construção da esfera arquitetônica da capital Sálvington e seus satélites, bem como dos 100 grupos de mundos que formariam as capitais das constelações. Esse trabalho levou cerca de um milhão de anos. Todas as capitais de superuniversos, universos, constelações e sistemas planetários são construídas como obras de engenharia cósmica divina, devido à instabilidade inerente ao magma dos planetas geológicos. Por sua vez as capitais dos futuros 10 mil sistemas planetários de Nébadon (compostos de sistemas solares como Monmátia) foram sendo construídas à medida que eles se definiam como tais, completando-se há 5 bilhões de anos.
Cada universo local tem 100 constelações (a nossa é Norlatiadeque, capital Edêntia), compostas por 100 sistemas planetários – o nosso é Satânia, capital Jerusém. Cada sistema planetário é integrado por cerca de 1000 mundos habitados – Urântia é o planeta nº 606, dos 619 já habitados de Satânia. Cada universo é assim projetado para ter 10 milhões de esferas habitadas – cabe registrar que havia 3.840.101 delas em Nébadon quando Jesus nasceu em Belém. No tempo-espaço, então, em que cada um dos sete superuniversos terá 100 mil universos locais, divididos em Setores Maiores como o nosso Esplandon e Menores como Ensa, ao final haverá 7 trilhões (!) de mundos habitados. A singularidade da Terra nessa miríade é o fato de ter sido escolhida por Cristo para a sétima efusão dentre suas criaturas: uma vez que cada Filho Criador se outorga como humano em apenas um planeta, tornamo-nos especiais entre os 10 milhões de futuros mundos nebadonianos e sabemos que o nosso Micael governa todos os outros humanos com base no que observou e sentiu aqui.
Os Seres Materiais: Ascendentes e Descendentes
Nos planetas geológicos existem três categorias de seres materiais ascendentes: os que têm um cérebro – como aqueles que não respiram, em planetas sem atmosfera; os que têm dois cérebros – como nós, que entretanto os chamamos de hemisférios; e os que têm três cérebros – mais inteligentes e espirituais na primeira vida, além de terem melhor percepção sensorial. Os unicerebrados, por limitações em seu metabolismo, não se podem fusionar com um Monitor Divino e seguir o caminho do Paraíso. Seus sobreviventes, ao se imortalizarem, seguem carreiras de serviço no universo de origem, assim como aqueles de nós que, não entendendo o Filho, fusionam-se com um fragmento pré-pessoal do Espírito Infinito: sua carreira alcança até Sálvington e lhes dá um alto grau de especialização em assuntos locais. Quando a alma de um de nós, por não entender o Pai, se fusiona com um fragmento pré-pessoal do Filho Eterno, prossegue até a capital do superuniverso de Orvônton e em sua jurisdição permanece. Ambos atingem a perfeição nesses dois níveis e passam a integrar a população permanente das respectivas capitais em relevantes funções. Porém quando entendemos a Trindade e logramos a fusão com o Monitor Divino, a meio-caminho do Paraíso compensamos a diferença que nos separava dos tricerebrados e seguimos a carreira completa até o Pai em rigorosa igualdade de condições com eles. “Deus ama cada um dos seus filhos da mesma maneira”.
Adão e Eva, por sua vez, são filhos materiais (da raça violeta) descendentes de Micael, que vieram como elevadores biológicos das raças aqui evoluídas de Andon e Fonta, o primeiro casal humano evolutivo de Urântia. Nos planetas normais um casal imortal, como Adão e Eva teriam sido caso não houvessem caído em falta, detém o governo material até o terceiro nível de Luz e Vida, ao lado de um Príncipe Planetário invisível para os humanos, que dirige o governo espiritual. Vemos aqui que os evolucionistas e criacionistas diligentemente combateram por duas verdades conhecidas parcialmente: nós somos frutos da evolução de seres unicelulares, depois vegetais, animais, primatas e humanos, mais tarde ligeiramente aperfeiçoados pelo sangue adâmico. Devido à falta cometida por Eva, que em seguida teve a solidariedade de Adão, o processo de melhoramento biológico se alterou tão drasticamente que nenhum grupo ou indivíduo contemporâneo, mesmo entre os nórdicos, tem mais de 10% de herança genética desse belo e bravo casal. Foi muito heróica sua epopéia no segundo jardim, com apenas um quarto dos 1.647 filhos, netos, bisnetos e trinetos puros, nascidos nos 117 anos do Jardim do Éden, mais os descendentes de Caim, de Sansa e de 1.570 filhos de Adão com mulheres selecionadas das tribos vizinhas.
Os Seres Espirituais de Nébadon
“Há 300 bilhões de anos a nebulosa de Andronover obteve, do Governo de Uversa em Orvônton, reconhecimento físico como universo para habitação e ascensão mortal progressiva, recebendo o nome de Nébadon”. Nessa época a equipe de Micael se instalou em Sálvington, enquanto prosseguia o amadurecimento astrofísico de seu reino, inercial ou induzido, conforme o caso. Depois de instalado na capital, no exato centro da massa-energia de seu universo, o Filho Criador não pode deixar seu mundo-sede até que se estabilize a gravidade de seus domínios, equilibrando-se os distintos circuitos e sistemas pela atração material mútua, de acordo com o trabalho dos Diretores do Poder e dos Controladores Físicos Decanos do superuniverso. Atingida a estabilidade, Micael e o Espírito Materno que até então o acompanhava em estado pré-pessoal (sem personalidade plena) projetaram e submeteram à aprovação superior o seu plano de criação da vida, dentre as opções oferecidas pelo Pai. Sua primeira ação criadora conjunta resultou na Brilhante Estrela Matutina, Gabriel de Sálvington, primogênito e Chefe Executivo de Nébadon, “em tudo assemelhado ao seu Pai em caráter, porém limitado nos atributos de divindade”.
“Começou então a chegar à existência um vasto grupo de criaturas espirituais diversas”. Em seguida à Brilhante Estrela Matutina foi gerado o Pai Melquisedeque original, que em enlace com o Filho Criador e o Espírito Materno, seus pais, deu origem à ordem dos Filhos Melquisedeques, com mais de 10 milhões de integrantes. Na ausência de Gabriel o Pai Melquisedeque atua como chefe executivo de Nébadon. Os filhos desta ordem, por seu turno, operam como assessores de Gabriel ou instrutores dos humanos e anjos.
A ordem seguinte é a dos Vorondadeques, filhos de Micael e da Ministra Divina, com l milhão de membros. Servem como Embaixadores perante outros universos ou como cônsules representantes de constelações dentro de seu universo de origem. São conhecidos como Pais das Constelações, porque três deles estão sempre à frente do Governo de cada uma das 100 constelações de um universo local.
A terceira ordem de filiação é a dos Lanonandeques, igualmente gerada por Micael e pelo Espírito Materno. São mais de 12 milhões. Atuam principalmente como Soberanos dos Sistemas ou Príncipes Planetários. Concebidos para estarem próximos dos humanos, eles são mais sujeitos a erro e por isso se envolveram em três rebeliões em Nébadon, das quais a terceira e mais extensa foi a de Lúcifer e Satã, há cerca de 200 mil anos.
Os Portadores de Vida, com 100 milhões de integrantes, são uma ordem especial, gerada pelo Filho Criador e a Ministra Divina de Sálvington em enlace com um Ancião dos Dias de Orvônton. Eles planejam e desenvolvem as formas de vida que levarão para as esferas geológicas, de acordo com os planos do Filho Criador. Também lhes cabe a supervisão, com os Controladores Físicos, do desenvolvimento das três formas básicas de vida, que produzem os três tipos humanos mencionados anteriormente. Ao surgir o primeiro ser volitivo com poder de decisão moral cessa o seu trabalho e começa o dos Sete Espíritos Auxiliares da Mente (mais circuitos do que personalidades), que desenvolvem nos humanos as seguintes qualidades: intuição, compreensão, coragem, conhecimento, conselho, adoração e sabedoria.
Os Ajudantes Universais de Nébadon são:
* A Brilhante Estrela Matutina (Gabriel de Sálvington);
* As Estrelas Vespertinas;
* Os Arcanjos;
* Os Assistentes Altíssimos;
* Os Altos Comissários;
* Os Supervisores Celestiais; e
* Os Mestres dos Mundos de Aperfeiçoamento Inicial da Alma.
Os Serafins, Querubins e Sanobins são os espíritos de Nébadon que ministram para os seres humanos, equivalentes aos Supernafins do Universo Central e aos Seconafins dos superuniversos. Os Serafins são criados pelo Espírito Materno, atuam tanto em nível espiritual quanto material, estando estreitamente ligados às criaturas materiais em todas as fases de sua evolução. Os Querubins e Sanobins são positivos (os primeiros) ou negativos em energia, cumprindo em enlace as suas funções de auxiliares dos Serafins nas esferas geológicas ou de instrutores nos Mundos de Aperfeiçoamento Inicial da Alma.
Os artistas e artesãos celestiais são personalidades espirituais e semi-espirituais que se ocupam do embelezamento e operacionalização moroncial e espiritual do tempo-espaço. Trabalham nas sedes dos superuniversos, dos universos locais, das constelações e dos sistemas planetários, bem como nos planetas já estabelecidos em Luz e Vida. São eles os músicos e artistas celestiais, os construtores divinos, os registradores do pensamento, os manipuladores da energia (que abrangem os conselheiros de transporte, os especialistas em comunicações e os mestres do descanso moroncial e espiritual), mais os embelezadores das percepções e sentimentos, e finalmente os trabalhadores da harmonia.
A Ascensão das Almas
Vamos contemplar agora o esquema de ascensão das almas, que em sua evolução desfrutam das habilidades especiais dos artistas e artesãos acima em seu dia-a-dia e nos momentos de espairecimento e recreação, ou com eles trabalham por períodos de sua carreira ascensional.
Depois da morte física de um ser humano em seu planeta de origem, o Monitor Divino normalmente segue para Divínington (a esfera dos Monitores, em órbita do Paraíso) e lá espera, cumprindo outras missões, o momento da ressurreição da alma que ajudou a construir. Por sua vez o Anjo Guardião do Destino (individual ou de grupo) toma aquela alma sob sua responsabilidade até a dispensação dela – elevação milenar de época, ou especial, a qualquer tempo, por motivos afetivos. Todas as almas com potencial de imortalidade ou necessidade de julgamento são, mais cedo ou mais tarde, levadas para as salas de ressurreição do Templo de Montagem da Personalidade, no primeiro dos 7 Mundos de Aperfeiçoamento Inicial. Estes são satélites do Mundo número 1 em órbita de Jerusém, capital do nosso sistema planetário de Satânia.
Ao ser feita a chamada de um nome em cada sala de ressurreição, apresenta-se o Monitor Divino correspondente, detentor da memória e da mente de espírito daquele mortal, juntamente com o Anjo Guardião de sua alma. Os Portadores da Vida e os Supervisores do Poder Moroncial constroem para aquela alma um corpo semelhante ao dos anjos e indicador de suas características de personalidade. Se o Monitor do Pensamento não atende à chamada, normalmente o corpo não é feito e aquela alma se perde. O seu Guardião do Destino comparece então a um tribunal para provar que não teve culpa pela perda. Ocorrem casos em que o Monitor Divino abandona um ser humano ainda durante sua vida, convencido da impossibilidade de sua sobrevivência, por indolência ou maldade, por exemplo. No primeiro caso a alma nem é levada do planeta de origem: é um caso perdido, pelo desperdício do potencial que o Monitor havia reconhecido neste humano em sua infância, no momento em que o escolheu para a missão de elevá-lo à vida eterna. No segundo caso a alma é levada a julgamento, em processo não descrito no Livro, mas que pode chegar à desintegração (pena de morte eterna).
Porém quando o Monitor responde à chamada, a alma em questão desperta exatamente como estava no momento da morte material. Se estiver desgastada pela senilidade, por exemplo, receberá primeiro um tratamento que a elevará de volta aos seus momentos de maior lucidez. Neste primeiro mundo de correção de deficiências, no qual algumas belas almas apenas permanecem em trânsito para o segundo ou até para o terceiro, são tratados principalmente os problemas emocionais, familiares, sexuais e de caráter. A capacitação se faz nas faculdades do pensamento, do sentimento e da ação. Todos aqueles que nesta vida não foram pais ou mães de pelo menos 3 filhos, até a puberdade, deverão adquirir essa experiência nas creches dos Mundos de Aperfeiçoamento Inicial ou mais tarde, junto às famílias dos filhos materiais de Jerusém – o povo de Adão e Eva. Durante a vida moroncial se compensam igualitariamente todas as diferenças de meio-ambiente, de formação e de oportunidades na vida material. Mesmo sem cultura, uma boa alma tem a mesma chance da mais requintada. Não importa o que ela fez na vida material, mas como fez, eticamente.
O Mundo de número 2 cuida sobretudo da eliminação de conflitos intelectuais e da cura de todas as desarmonias mentais. Os ascendentes continuam, como no primeiro Mundo, formando grupos de interesse entre seus contemporâneos e se comunicando, ou visitando almas de sua afetividade nos outros Mundos de Aperfeiçoamento Inicial. No terceiro Mundo os sobreviventes começam verdadeiramente sua cultura moroncial progressiva e alcançam um discernimento prático da metafísica da filosofia mota que todos devem estudar, juntamente com o idioma de Nébadon. O quarto Mundo marca o início real da carreira moroncial ou anímica, passadas as fases de capacitação dos anteriores. Todo ascendente deve seguir aqui cada fase da programação, salvo alguns poucos que seguem diretamente para a capital do Sistema e lá estudam os idiomas e a filosofia mota. Apresenta-se “uma nova ordem social, baseada na compreensão e apreciação mútua do amor altruísta e do serviço recíproco, sob a forte motivação de se ter um destino comum e supremo – a meta paradisíaca de perfeição adoradora e divina”. Antes de deixar este mundo os ascendentes já dominam o idioma nebadonês, com seu alfabeto de 48 letras, aprendido como se estuda aqui.
O quinto Mundo equivale ao nível dos planetas estabelecidos na fase inicial de Luz e Vida. Nele se começa a estudar a língua do superuniverso de Orvônton (que tem 70 letras), de modo a bem conhecer ambos idiomas antes da cidadania em Jerusém. Tem início a consciência de uma cidadania cósmica, um ponto de vista universal, que resulta em sincero entusiasmo pela ascensão a Havona. “O estudo passa a ser voluntário, o serviço altruísta se torna natural e a adoração, espontânea”.
O sexto Mundo de Aperfeiçoamento marca o início da preparação para a futura carreira espiritual, que se desdobrará após a graduação na capacitação moroncial do universo local. Também começa a instrução na técnica de administração universal. A fusão com o Monitor Divino, potencialmente viável desde a vida material, “como identidade real e funcional de personalidade”, geralmente ocorre neste mundo. Ao se completar a fusão, uma cerimônia simples marca o ingresso na carreira eterna de serviço ao Paraíso. Essa fusão pode, contudo, adiar-se às vezes até a chegada à capital do sistema, ou mesmo da constelação, quando a vida material é novamente estudada. Porém depois dela não há mais dúvidas de que o ascendente prosseguirá até chegar ao Paraíso.
No sétimo Mundo desaparecem todas as diferenças que havia entre os procedentes de planetas normais em Luz e Vida e os originários de mundos isolados e retardados como o nosso. Aqui se purgam, finalmente, todos os traços decorrentes de “um meio-ambiente insalubre e de tendências planetárias não-espirituais”. Começa um nova adoração, mais espiritual, do Pai Invisível.
A Cidadania em Jerusém
Os seres ascendentes ganham afinal a cidadania de Jerusém, capital do sistema de Satânia, de onde governa o Lanonandeque Lanaforge, Soberano do Sistema que substituiu Lúcifer. Esfera arquitetônica como os mundos anteriores, ela também tem seu clima e iluminação controlados artificialmente. Durante três quartos do dia é iluminada por igual em toda superfície, com claridade equivalente à de 10 horas da manhã em Urântia. Nesse período a temperatura é de cerca de 20 graus centígrados. Nas horas de repouso o brilho do céu é semelhante ao de uma noite de lua-cheia e a temperatura cai um pouco abaixo de 10 graus positivos. A atmosfera se compõe de 3 gases básicos (um a mais do que a nossa), para permitir a respiração moroncial, sem contudo afetar a respiração material. O planeta está belamente ornamentado por vegetação e animais evoluídos e úteis, belos e inofensivos, bem como provido de construções materiais, moronciais e espirituais. Assim como já ocorria nos 7 Mundos de Aperfeiçoamento Inicial, o tempo dos residentes ascendentes se divide entre trabalho, estudo e repouso, mais a periódica recreação e excursões para espairecimento, instrução e convivência.
Em Jerusém o corpo docente Melquisedeque atesta a sabedoria moroncial dos ascendentes, o corpo examinador das Brilhantes Estrelas Vespertinas certifica seu discernimento espiritual e os 24 Conselheiros da capital do Sistema julgam seu progresso experiencial de socialização. Por fim os Filhos Materiais confirmam estar alcançada a personalidade mota. Se ainda verificar-se a impossibilidade de fusão com o Monitor do Pensamento nesse estágio, pode ocorrer a fusão com um fragmento pré-pessoal do Espírito Infinito ou prorrogar-se o prazo mais uma vez. Atingido o nível satisfatório, todos os ascendentes se despedem de Jerusém e partem para seus estudos e trabalhos nos 70 Mundos de Capacitação de Edêntia, capital de nossa constelação de Norlatiadeque, esferas arquitetônicas ainda mais belas e avançadas.
A Cidadania em Edêntia
Essa temporada “será dedicada principalmente a dominar a ética de grupo, o segredo de uma inter-relação agradável e produtiva entre as distintas ordens universais e superuniversais de personalidades inteligentes”. Ao se graduarem no mundo nº 70 os mortais ascendentes se tornam residentes em Edêntia, de onde os Altíssimos Vorondadeques governam a constelação. Estão agora justamente no meio de sua carreira entre o animal evolucionário e o espírito ascendente: “é um período de verdadeira e celestial felicidade para os progressores moronciais, uma das épocas mais bonitas e mais refrescantes da capacitação neste lado do Paraíso”. No caso dos que não hajam conseguido até aí a fusão com o Monitor Divino, pode ocorrer a fusão com um fragmento pré-pessoal do Filho Eterno e a continuação da carreira ascensional até a capital do superuniverso. Quando novamente julgados aptos a prosseguir, partem todos em direção aos mundos de instrução de Sálvington, capital de Nébadon, onde completarão as últimas fases moronciais e se prepararão para a primeira das seis etapas espirituais.
Após um período de trabalho, estudo, repouso e recreação em Sálvington, no próprio planeta em que moram Micael de Nébadon, a Ministra Divina e Gabriel, com toda a beleza e progresso de uma capital de universo local, os ascendentes receberão de Micael em pessoa o salvo-conduto para deixar este universo em direção à capital de Ensa, Setor Menor do Superuniverso de Orvônton, já como espíritos da primeira etapa. Em U Menor o Terceiro prossegue o aperfeiçoamento, que se desdobrará para U Maior o Quinto, capital do Setor Maior do superuniverso. Daí partirá o ser ascendente para Uversa, capital do superuniverso de Orvônton, depois para os Mundos Perfeitos de Havona e finalmente para o Paraíso, como espírito da sexta etapa e integrante do Corpo da Finalidade da Criação. Está assim atingido o estágio ideal de todo o plano ascensional.
A Chegada ao Paraíso
A chegada ao Paraíso é tão emocionante, mesmo para seres tão longamente experientes e perfeitos, que algumas vezes têm eles de ser advertidos para se conterem em seus impulsos de adoração. Na proximidade do próprio Pai Eterno Mais que Espírito, do Filho Eterno do Paraíso e do Espírito Infinito, os ascendentes se dão conta de ter completado seu melhor destino evolutivo e atingido a perfeição requerida pelo Pai. A partir desse ponto culminante de uma longuíssima carreira o ascendente poderá ter a condição de residente na Ilha Eterna, nela prestando serviços ou viajando em missões por todo o tempo-espaço. O novo integrante do Corpo da Finalidade da Criação não mais precisa dos anjos transportadores que até então o haviam levado de esfera em esfera, ao fim de cada estágio de seu avanço. A sétima e última etapa de perfeição do espírito ainda não é alcançável pelos seres humanos ascendentes, estando reservada para momentos futuros da eternidade. Talvez para a época em que estejam habitados os universos em construção nos três círculos do espaço exterior. Os autores não sabem precisar quando.
A Formação de Urântia e a Evolução da Vida
Vista a trajetória das almas aqui desenvolvidas, passemos à formação de Urântia e à seqüência evolutiva da vida até nós. O sol de Monmátia, como vimos, formou-se há 5 bilhões de anos. A Terra, por sua vez, definiu-se como planeta há 2 bilhões de anos, com um décimo de seu tamanho atual. Sua massa restante se completou pela acumulação de meteoros, até um bilhão de anos atrás.
Há 550 milhões de anos, embora a atmosfera estivesse irrespirável para qualquer organismo, as águas já continham o grau de salinidade essencial para a implantação do modelo de vida à base de cloreto de sódio escolhido pelos Portadores de Vida. Foi então implantado o plasma vital do Pai em 3 baías abrigadas então existentes: a eurasiático-africana, a australasiática e a ocidental, englobando a Groenlândia e as Américas. Em 50 milhões de anos a flora marinha primitiva estava bem consolidada e dela se desenvolveu, como sempre ocorre, a vida animal mais primitiva e simples, como as amebas. Há 400 milhões de anos a vegetação começou a subir para a terra, adaptando-se bem à atmosfera rica em carbono e começando a oxigená-la. Por mutação surgiram na água os primeiros animais multicelulares e depois os trilobitas, os primeiros organismos de reprodução sexuada. Em 40 milhões de anos apareceram esponjas simples e crustáceos como camarões, caranguejos e lagostas.
Há 250 milhões de anos, enquanto a paisagem terrestre se cobria de verde, nos mares vinham à existência os peixes, primeiros vertebrados, evoluídos de artrópodes ou crustáceos, alguns com até 9 metros de comprimento – os tubarões são os únicos sobreviventes dessas espécies primordiais. Árvores sem folhas se estendiam amplamente pelos continentes, às vezes em bosques de 30 metros de altura, absorvendo o dióxido de carbono que envenenava o ar e preparando o terreno para os futuros animais terrestres.
“Há 150 milhões de anos começaram os primeiros períodos de vida animal terrestre”, principalmente anfíbios como a rã, que já trazia consigo o potencial para a evolução de seres humanos. Em mais 10 milhões de anos os répteis apareceram completos e deles evoluíram os dinossauros, espécie dominante por 20 milhões de anos. Extinguiram-se depois, mas um tipo deles, carnívoro, pequeno e ágil, por mutação daria origem aos primeiros mamíferos placentários, há 50 milhões de anos. Antes disso, há 90 milhões de anos, as plantas angiospermas haviam surgido no mar e em seguida invadiram os continentes, adiantando a melhora da atmosfera. Ainda antes, há 100 milhões de anos, haviam aparecido em terra as plantas floríferas e a fauna avícola.
Os mamíferos placentários tinham a vantagem da agilidade e da capacidade cerebral superior para se adaptarem às mudanças ambientais. Eram pequenos cavalos, rinocerontes, tapires, esquilos e vários grupos de animais semelhantes aos macacos. Há 40 milhões de anos os mamíferos carnívoros, herbívoros e onívoros dominavam o mundo. Há 30 milhões de anos os antepassados das baleias, golfinhos e focas se adaptaram de volta aos mares. “As formas atávicas da maior parte dos seres vivos já existiam naquela época”.
Os Primeiros Seres Humanos
Há 1 milhão e meio de anos surgiram de repente, no Oeste da Índia, os primeiros mamíferos proto-humanos, depois evoluídos para primatas. Em mais 500 mil anos, na mesma região, nasceram dentre os primatas “dois seres humanos primitivos, os verdadeiros antepassados da humanidade”. Seu grupo havia sido o primeiro a lançar pedras e usar o garrote em suas lutas. Eram dois gêmeos, ele Andon, ela Fonta, que desenvolveram uma linguagem de 50 sinais e palavras que os outros de sua tribo não conseguiam aprender. Graças a eles Urântia foi, há exatamente 993.477 anos, registrada como mundo habitado por humanos no tempo-espaço. Foi esse casal que inventou a técnica de produção do fogo, inicialmente queimando um ninho de pássaros seco com as fagulhas produzidas por dois blocos de sílex, após semanas de tentativas.
Esse domínio do fogo seria essencial para sua sobrevivência, juntamente com as roupas de pele de animais que aprenderam a fazer para se protegerem do frio. Vendo-se diferentes dos demais e já habitados por Monitores do Pensamento, aos 11 anos de idade decidiram partir em direção ao norte e ao frio, deixando seus parentes primitivos no aprazível clima da futura Índia. Dois anos depois lhes nasceu Sontad, o primeiro dos 19 filhos que teriam, os quais lhes deram quase 50 netos e 6 bisnetos antes de sua morte em um terremoto, aos 42 anos. As almas de Andon e Fonta seguiram o caminho dos Mundos de Aperfeiçoamento Inicial, até a cidadania em Jerusém, fusionados com seus Monitores Divinos. “Estão agora servindo com as personalidades moronciais que recebem no primeiro Mundo as almas ascendentes de Urântia”.
Os andonitas tinham olhos negros e pele morena, como os esquimós de hoje, e um pouco mais de pelos no corpo do que o homem moderno. Adotaram para a chefia do clã os primogênitos varões dos descendentes diretos de Sontad. Quando faltou um descendente masculino na linha direta, dois rivais empreenderam uma luta bem humana pelo poder. Mais tarde houve novos conflitos entre os diversos clãs, que provocaram a perda de bons potenciais e chegaram a ameaçar de extinção a sua civilização primitiva.
Porém a dispersão ocorrida a partir da 20ª geração serviu de mecanismo atenuador dos instintos agressivos herdados dos animais. Antes que o gelo da 3ª glaciação avançasse sobre a França e a Inglaterra, os andonitas neandertais haviam estabelecido mais de 1000 assentamentos separados ao longo dos grandes rios que desembocavam no Mar do Norte, de temperatura amena nessa época. Viviam em grutas às margens dos rios ou em casas de pedra e eram quase que exclusivamente carnívoros. Usavam lanças e arpões, bem como elaborados artefatos de pedra. A dispersão foi reduzindo a qualidade cultural e espiritual dos clãs, até que 20 mil anos depois se afirmou a liderança de Onagar. Ele semeou a paz entre os diversos grupos, guiou-os à adoração de “Aquele que dá o alento aos homens e animais” e enviou os primeiros missionários com a sua mensagem religiosa. Onagar “instituiu um governo tribal eficaz, que não teve paralelo entre as sucessivas gerações durante muitos milênios”, até a chegada do Príncipe Planetário, há 500 mil anos.
A Cidade Planetária (a verdadeira Atlântida)
Quando chegou a Urântia o Príncipe Planetário Caligástia, há cerca de 500 mil anos, havia no planeta quase 500 milhões de seres humanos primitivos e estavam surgindo as seis raças de cor que sempre aparecem nas esferas geológicas. As raças primárias são a vermelha, a amarela e a azul; e as secundárias são a alaranjada, a verde e a negra. Aqui a alaranjada e a verde se extinguiram, a amarela se concentrou na Ásia, a vermelha nas Américas e a negra na África. A azul, por sua vez, deu origem aos povos brancos de hoje, em parte combinada com o sangue adâmico e nodita. A raça amarela também recebeu pequena mas potente infusão da raça violeta.
A sede central do Príncipe, que inspirou o mito da Atlântida, estabeleceu-se na zona da futura Mesopotâmia, onde hoje se encontra o Iraque. Caligástia era um Filho Lanonandeque da ordem secundária, com grande experiência e dotado de mente original e brilhante. Ele veio acompanhado do também Lanonandeque Daligástia, de grande grupo de anjos e de muitos outros seres celestiais, para promover os interesses e o bem-estar das raças humanas. Com estes também vieram 100 seres materiais (50 homens e 50 mulheres), os “Cem de Caligástia”, cidadãos ascendentes de Jerusém originários de 100 planetas diferentes de Satânia. Para estes foram construídos corpos de carne e osso, com o plasma vital de 100 humanos descendentes de Andon e Fonta. Os doadores do plasma receberam modificações em seu metabolismo, de forma a se tornarem imortais para sua longa missão civilizadora. Sua imortalidade (e a dos “Cem de Caligástia”) era mantida pela ligação aos circuitos vitais do sistema e pelo consumo dos frutos e folhas da “Árvore da Vida”, um arbusto trazido de Edêntia, capital da nossa Constelação de Norlatiadeque.
Algum tempo depois da chegada, os integrantes corpóreos do séqüito do Príncipe descobriram que podiam gerar seres intermediários entre os humanos e os anjos, com alta versatilidade e utilidade prática. Cada um dos 50 casais produziu 1000 de tais seres e em seguida perdeu a capacidade reprodutiva. Dessa forma surgiram os 50 mil Seres Intermediários Primários (os Secundários são descendentes de Adamson, o primogênito de Adão e Eva).
A Cidade Planetária era simples mas muito bela, cercada por uma muralha de 12 metros de altura e localizada mais ou menos ao centro da população da época. Chamou-se Dalamátia em homenagem a Daligástia, lugar-tenente de Caligástia. O templo do Pai Invisível, no centro, tinha três pavimentos; as sedes dos dez conselhos do Príncipe tinham dois andares. Todos os demais prédios eram térreos e igualmente construídos com os materiais mais disponíveis: tijolos e pouca madeira ou pedra. A cidade era belamente arborizada e decorada com obras de produção local. O clima de então era muito aprazível e abundantes as frutas e nozes nas quais se baseava a dieta dos “Cem de Caligástia”, que não consumiam carne alguma.
A Organização dos “Cem de Caligástia”
Os cem integrantes do séqüito corpóreo do Príncipe (e seus cem associados humanos) se organizaram em dez conselhos autônomos, cada um com dez membros:
1. Conselho de alimentação e bem-estar material;
2. Junta de domesticação dos animais;
3. Assessores sobre o controle dos animais de rapina;
4. Corpo docente para a difusão do conhecimento;
5. Comissão de indústria e comércio;
6. Colégio da religião revelada;
7. Guardiães da saúde e da vida;
8. Conselho planetário das artes e ciências;
9. Governadores das relações tribais avançadas; e
10. Tribunal supremo de coordenação tribal e cooperação racial.
Esses conselhos ensinaram às tribos circunvizinhas a tecelagem, o tratamento das peles de animais, o cozimento da comida, a defumação e secagem das carnes, a pecuária e a domesticação dos animais, a escavação de poços, a produção de manteiga e queijo, a utilização da roda, o combate aos animais ferozes, a construção de moradias, o uso de um alfabeto de 25 letras na escrita, algumas manufaturas, rudimentos de religião, medidas preventivas de higiene, a química e a física elementares, a confecção da cerâmica e as artes decorativas, bem como a metalurgia.
O modo de atuação dos 100 graduados dos Mundos de Aperfeiçoamento Inicial da Alma era “atrair os melhores intelectos das tribos circundantes e, depois de tê-los preparado, enviá-los de volta ao seu povo respectivo como emissários da elevação social”. Os jovens eram levados por volta dos 13 a 15 anos para viver na Cidade Planetária, em famílias de 10 “filhos”, com cada um dos 50 casais instrutores. Aos 16 ou 17 anos voltavam eles aos seus povos, para o casamento e a atuação como emissários do Príncipe, aplicando os conhecimentos adquiridos. Buscava-se “o progresso mediante a evolução e não a revolução”.
O código moral da Cidade, ou “Caminho do Pai”, constava dos seguintes mandamentos:
1. Não temas nem sirvas a outro Deus que não seja o Pai de tudo;
2. Não desobedeças ao Filho do Pai, o governante mundial, nem faltes ao respeito com seus associados sobre-humanos;
3. Não mintas perante os juízes do povo;
4. Não mates homens, mulheres ou crianças;
5. Não roubes os bens nem o gado de teu próximo;
6. Não toques a esposa de teu amigo;
7. Não faltes ao respeito com teus pais nem com os anciãos da tribo.
A Cidade Planetária funcionou normalmente durante 300 mil anos, com população de cerca de 20 mil habitantes. Sua atuação civilizadora se estendeu por um raio de 160 quilômetros à sua volta, pouco a pouco elevando o homem primitivo de caçador a agricultor e pecuarista. Os descendentes primários de Andon e Fonta (os andonitas) e todas as seis raças de cor tiveram a oportunidade de beneficiar-se dos ensinamentos dos “Cem de Caligástia”. Aprenderam o valor da família e da residência unifamiliar estável, com o importante conhecimento de que “o homem selvagem ama seus filhos, mas o homem civilizado ama também os seus netos”. Há 200 mil anos, lamentavelmente, o Príncipe Planetário de Urântia se uniu à rebelião de Lúcifer e “a catástrofe de engano e sedição de Caligástia aniquilou quase todos os descobrimentos maravilhosos dos humanos daqueles dias”.
A Rebelião de Lúcifer
No universo de Nébadon existem 10 mil sistemas planetários como o nosso de Satânia, programados para terem cerca de 1000 mundos habitados cada um. Em toda a história deste universo houve apenas três rebeliões de Soberanos de Sistemas; a de Lúcifer foi a última e a mais grave delas, envolvendo 37 planetas habitados. Filho Lanonandeque primário, Lúcifer era uma das cem personalidades mais hábeis e brilhantes dentre os 700 mil de sua ordem. Ele era o chefe executivo dos então 607 mundos habitados de Satânia, ao lado de seu assistente Satã, havendo governado normalmente por mais de 500 mil anos.
Há mais ou menos 200 mil anos Lúcifer divulgou, durante reunião anual em Jerusém, sua “Declaração de Liberdade”, como ele mesmo a chamou, na qual, em essência, afirmava que o Pai Universal não existia (!), sendo apenas “um mito inventado pelos Filhos Paradisíacos, com o objetivo de reter o governo dos universos”; que aceitava Micael de Nébadon como seu Pai Criador, mas não como seu Deus e governante; e “que se gastava demasiado tempo e energia no esquema de capacitar” os mortais ascendentes.
Na mesma ocasião prometeu aos Príncipes Planetários que eles seriam os executivos supremos em cada um de seus mundos, ao mesmo tempo advogando que os poderes legislativo e judiciário ficassem sediados na capital de cada sistema planetário e não na capital da constelação e do universo, respectivamente. Começou então a organizar sua própria assembléia legislativa e seus tribunais, sob a supervisão de Satã. Todo o seu gabinete administrativo lhe prestou juramento de fidelidade. Micael de Nébadon decidiu não interferir e deixar que as personalidades locais tomassem sua decisão. Gabriel de Sálvington, que estava presente, anunciou que no devido tempo falaria em nome de seu pai. Declarou ainda que “o governo dos Filhos em nome do Pai só desejava lealdade e devoção voluntárias, sinceras e à prova de sofismas”.
Transcorreram cerca de sete anos até que Lúcifer fosse destituído do poder, mas logo depois do início da rebelião a capital do sistema foi isolada dos circuitos de comunicação e de transporte que a ligavam à constelação e à sede do universo, bem como aos planetas integrantes de Satânia. As forças leais contavam com o auxílio emergencial das linhas de comunicação do vizinho sistema planetário de Rantúlia.
Enquanto durou a rebelião ativa Gabriel permaneceu no Mundo do Pai, em órbita de Jerusém, liderando as forças fiéis a Micael de Nébadon. As personalidades em dúvida sobre que posição adotar deslocavam-se entre o anfiteatro planetário onde Lúcifer permaneceu e o Mundo do Pai, ouvindo os argumentos de Gabriel. Mesmo assim, houve mais comprometidos com esta rebelião do que com as outras duas anteriores juntas. O pecado havia atingido até dois outros sistemas planetários vizinhos.
Porém ao cabo de sete anos o Lanonandeque Primário Lanaforge foi empossado como Soberano do Sistema e Lúcifer destituído de seu cargo de confiança, embora deixado em liberdade para circular por todo o sistema, juntamente com seus seguidores. Satã foi temporariamente autorizado a servir como interlocutor junto aos 37 Príncipes Planetários rebeldes. Assim esteve operando o sistema de Satânia, com os rebeldes livres embora fora do poder, durante pouco menos de 200 mil anos, enquanto os tribunais da capital do superuniverso deliberavam sobre as medidas a tomar. Antes do sétimo auto-outorgamento entre suas criaturas, o Cristo Micael ainda não detinha todo o poder de Filho Criador Maior sobre Nébadon, como detém desde o fim de sua encarnação em Urântia, e na ocasião preferiu não interferir.
Ainda durante a vida de Jesus entre nós Lúcifer foi aprisionado nos mundos de detenção em órbita de Jerusém, onde tem contato apenas com o carcereiro que lhe leva a alimentação, pois nenhuma personalidade quis visitá-lo. Cristo Micael lhe ofereceu sua misericórdia caso se arrependesse sinceramente, porém Lúcifer não aceitou. Todos os seus seguidores que aceitaram o perdão oferecido começaram sua reabilitação depois da ressurreição de Jesus. Satã também foi incondicionalmente encarcerado antes da publicação do Livro de Urântia. Os 37 Príncipes Planetários rebeldes foram substituídos por governantes provisórios. Embora não tenha sido preso, Caligástia foi substituído por Maquiventa Melquisedeque à frente do Governo de Urântia e aguarda as deliberações dos Tribunais do Superuniverso em Uversa.
A Secessão de Caligástia em Urântia
Enquanto Lúcifer ainda planejava sua rebelião, Satã esteve em Urântia e obteve a promessa de apoio de Caligástia para a ocasião em que eclodisse o movimento. Assim sendo, quando Lúcifer divulgou sua “Declaração de Liberdade”, Caligástia imediatamente se alinhou entre seus seguidores e convocou reunião extraordinária dos dez conselhos da Cidade Planetária. Comunicou que estava para proclamar-se soberano absoluto do planeta e pediu que todos os grupos administrativos renunciassem a suas funções, para a organização do novo governo. O jurista e administrador Van, presidente do Conselho Supremo de Coordenação, pediu a todos os presentes que se abstivessem de qualquer decisão enquanto não se recebesse do Soberano do Sistema uma confirmação da proposta do Príncipe Planetário rebelde. Feita a consulta, a resposta de Lúcifer não tardou a chegar, exigindo absoluta e incondicional lealdade às ordens de Caligástia e confirmando sua designação como soberano supremo. Seu assistente Daligástia o proclamou “Deus de Urântia”.
Mesmo diante dessa comunicação o fiel e nobre Van se recusou a obedecer, acusando Caligástia e Lúcifer de desacato à soberania do Universo. Após discurso de sete horas pediu aos Altíssimos da Constelação, uma instância acima, que explicassem aquela confusa situação. Nesse meio-tempo foram cortados todos os circuitos de comunicação e transporte para o nosso planeta, de modo que não foi recebida a comunicação de Edêntia, confirmando o são entendimento de Van. Começava a quarentena de Urântia, que dura até hoje.
Movido pela fidelidade e pelo bom-senso o corajoso Van liderou, durante os sete anos da “Guerra nos Céus”, todas as personalidades leais a Micael de Nébadon, mesmo sem ter recebido instruções. Mas as perdas foram muito grandes: 80% dos seres intermediários primários (liderados por Belzebu) se somaram à rebelião, assim como o chefe dos serafins administradores, com quase metade dos seus comandados e grande número de querubins e sanobins. Também se aliaram aos rebeldes 60 dos “Cem de Caligástia”. De seus associados humanos modificados, 56 permaneceram fiéis a Micael. Deles o mais destacado foi Amadon, o associado de Van, que se tornou o herói humano da rebelião em Urântia.
Os 60 ascendentes rebeldes logo descobriram que se haviam tornado mortais, ao serem desligados dos circuitos vitais do sistema e privados do consumo da “Árvore da Vida”. Os serafins leais a Micael haviam levado a árvore para o acampamento de Van nas montanhas fora da Cidade Planetária. Nod, chefe dos 60 rebeldes ascendentes, determinou então que recorressem à reprodução sexual para fazer frente à sua mortalidade. A procura que fizeram aqueles seres superiores por humanos com quem se acasalarem deu origem às lendas antigas de que deuses desceram à Terra para se reproduzirem com humanos.
Passado algum tempo da execução do plano de Caligástia, de induzir o progresso pela revolução e não mais pela evolução, ocorreu o inevitável: as tribos semi-selvagens, animadas pelas novas liberdades concedidas prematuramente, atacaram e tomaram a própria Cidade Planetária, expulsando os noditas para o Norte da mesopotâmia, que ficaria conhecido como a Terra de Nod, para onde foi Caim tomar esposa, como está na Bíblia.
Após os 7 anos da Guerra nos Céus, o Príncipe Caligástia foi apeado do poder e substituído por uma comissão de 12 síndicos Melquisedeques de emergência. Van e seus associados imortais cuidaram de preservar os conhecimentos e as técnicas desenvolvidas na Cidade Planetária e levaram a cabo o trabalho de elevação cultural e biológica das tribos amigas. Os chefes noditas foram morrendo pouco a pouco. Porém durante mais de 150 mil anos os rebeldes não-humanos estiveram soltos em Urântia, se bem que isolados dos circuitos de comunicação e de transporte.
Como vimos, Lúcifer foi aprisionado ainda durante a vida de Jesus entre nós; Satã foi igualmente preso ao realizar-se a primeira audiência do processo Gabriel versus Lúcifer nos tribunais de Uversa, antes de 1934. Os seguidores de Caligástia em Urântia, ou aceitaram o perdão oferecido por Micael e estão seguindo um programa de reabilitação, ou seguiram para o mundo de prisão em órbita de Jerusém.
O Jardim do Éden
Todos os planetas geológicos de ascensão mortal contam com dois centros de governo: uma Cidade Planetária que civiliza os seres humanos evolutivos e mais tarde um Jardim do Éden, cujos moradores (seres materiais descendentes) continuam o processo civilizacional e procedem à elevação biológica das raças de cor ao se miscigenarem com elas. Se Urântia houvesse seguido os padrões normais ainda teríamos hoje um governo espiritual dirigido pelo Príncipe Planetário residente e um governo material conduzido por Adão e Eva. Porém os planos divinos foram descumpridos pela traição de Caligástia e pela falha de nossos Filhos Materiais.
Apesar da decadência cultural e da pobreza espiritual decorrentes da secessão, por mais de 150 mil anos a evolução orgânica dos seres humanos continuou até que, há cerca de 40 mil anos, atingiu seu apogeu “de um ponto de vista puramente biológico”. Os Portadores de Vida e os síndicos Melquisedeques solicitaram o envio de um Filho e uma Filha materiais. Depois de visita de inspeção feita por Tabamântia, Supervisor Soberano dos mundos experimentais, foi autorizada a vinda de Adão e Eva, selecionados pelos examinadores Melquisedeques e também aprovados pelos Altíssimos da Constelação dentre todos de sua ordem que se apresentaram como voluntários.
Ao saber que se aproximava o momento da chegada do casal, Van começou a anunciar sua vinda e a preparar um jardim para sua morada, 83 anos antes de chegarem. Ele e Amadon recrutaram mais de 3 mil trabalhadores entusiastas, dentre os amadonitas (descendentes do séqüito corpóreo fiel), andonitas e mesmo alguns noditas descendentes do séqüito infiel. Apesar de desprovidos de poder, Caligástia e Daligástia tentaram impedir aqueles trabalhos, sem êxito porque Van e Amadon foram incansavelmente apoiados pelos 10 mil Seres Intermediários leais.
O local escolhido para a construção foi uma península então existente nas ribeiras orientais do Mediterrâneo. Levou dois anos a transferência da sede da cultura mundial (inclusive a “Árvore da Vida”), antes situada às margens do Lago Van, no território da Armênia atual. O primeiro trabalho da grande equipe foi erigir com tijolos a muralha protetora de 43 quilômetros de extensão, com 12 portões de acesso ao Jardim do Éden. Este nome, a propósito, provém do fato de que a área residencial dos Filhos Materiais sempre enfatiza, em cada planeta geológico, uma beleza botânica semelhante à dos magníficos jardins de Edêntia, capital da Constelação de Norlatiadeque. Dentro da muralha se praticava a horticultura e a agricultura. No continente ficavam as terras dedicadas ao pastoreio e à pecuária que proporcionavam a carne para os trabalhadores: “no Jardim jamais se mataram animais”.
“No centro da península do Éden estava o belo templo de pedra do Pai universal, o santuário sagrado do Jardim”. Ao norte ficavam os prédios administrativos e ao sul as casas dos trabalhadores e suas famílias. A oeste foram mais tarde construídas as escolas. No “Leste do Éden” foram edificados os domicílios do Filho Material e seus descendentes imediatos. “Os planos arquitetônicos reservavam casas e terras suficientes para um milhão de seres humanos”. Em cerca de 80 anos de formidável trabalho, Van e Amadon já haviam completado 25% dos planos, com milhares de quilômetros de canais de irrigação e drenagem, quase 20 mil quilômetros de passagens e caminhos pavimentados, mais de 5 mil construções de tijolos nos diversos setores e um número incontável de árvores e plantas. “Jamais, antes nem depois, abrigou Urântia uma exibição tão bela e completa de horticultura e agricultura”.
A “Árvore da Vida” que havia prolongado a vida de Van, Amadon e seus associados por mais de 150 mil anos foi plantada no centro do templo do Pai, pois Adão e Eva também necessitariam de seus frutos e folhas como auxílio para a imortalidade física. Originária da capital da Constelação, ela cresce também nas capitais dos universos locais e superuniversos, bem como nos Mundos Perfeitos de Havona, mas não existe nas capitais dos sistemas planetários. “Esta superplanta armazena certas energias espaciais que servem de antídoto contra os elementos que produzem o envelhecimento na existência animal”. Para os seres humanos evolutivos e para os rebeldes desligados dos circuitos vitais do sistema seu efeito era nulo. Quando Adão e Eva deixaram o Jardim não lhes foi permitido levar mudas da árvore, pois estavam rebaixados à condição de humanos mortais.
O Jardim do Éden foi ocupado por noditas e outros grupos étnicos durante mais de 4 mil anos, até ser coberto pelas águas do Mediterrâneo, que avançaram progressivamente por centenas de anos, em processo exclusivamente natural.
Adão e Eva
Os Filhos Materiais chegaram a Urântia há cerca de 38 mil anos, por transporte seráfico. Pousaram suavemente e sem aviso ao lado do templo do Pai Universal, dentro do qual se desenvolveu durante dez dias o processo de re-materialização de seus corpos de natureza humana dual, programados para a imortalidade. Seu número de ordem era 14.311, da terceira série física de Jerusém e tinham 2,5 metros de altura com perfeitas proporções. Haviam sido professores na escola de cidadania de Jerusém e também lá, nos 15 mil anos anteriores haviam dirigido a divisão de aplicação da energia experimental para a modificação das formas de vida. Já tinham 100 descendentes ao deixar Jerusém, todos prestando serviços à Criação.
Quando despertaram no templo do Pai, receberam as boas-vindas de Van e Amadon, heróis que conheciam pelo renome, e de uma “imponente multidão reunida para recebê-los”. O idioma do Jardim era o dialeto andônico falado por Amadon, que juntamente com Van havia criado um novo alfabeto de 24 letras. Adão e Eva falavam e escreviam perfeitamente esse dialeto, estudado ainda na capital do Sistema. Era grande o júbilo do Éden, após tantos anos de trabalho e expectativa por esse momento. Os pombos-correio de centenas de colônias fiéis foram soltos para levar a grande notícia, depois de criados por anos a fio para essa ocasião.
Ao meio-dia de seu primeiro dia após despertarem, Adão e Eva receberam, em cerimônia solene, a chefia do governo da Terra, antes a cargo de Van e dos síndicos Melquisedeques. Prestaram juramento de fidelidade a Micael de Nébadon e aos Altíssimos de Norlatiadeque. “Em seguida se escutou a proclamação dos Arcanjos e a voz de Gabriel decretou, por transmissão, o segundo julgamento de Urântia e a ressurreição dos sobreviventes adormecidos da segunda dispensação de graça e perdão no planeta 606 de Satânia”.
Milhares de membros das tribos vizinhas em pouco tempo passaram a aceitar os ensinamentos de Van e Amadon e vieram ao Éden para dar boas-vindas ao casal e prestar homenagem ao Pai invisível. Depois de sete anos Van, Amadon e os síndicos Melquisedeques partiram para Jerusém e deixaram a condução dos assuntos planetários exclusivamente com o casal, durante mais de um século antes da falta. Nesse período lhes nasceram 32 filhas mais 31 filhos, cujos descendentes em três gerações perfizeram com eles o total de 1.649 moradores do Éden da pura raça violeta. Todos costumavam alimentar-se uma vez por dia, pouco depois do meio-dia, de frutas, nozes e cereais sem cozimento.
Os corpos do casal (e apenas os deles) irradiavam à noite uma luz trêmula que muito impressionava os nativos. Vestidos com uma capa feita dos têxteis confeccionados desde os tempos de Dalamátia (técnica preservada por Van e Amadon), restava apenas o brilho em volta de suas cabeças. Daí vem a explicação para a auréola que se costuma acrescentar em volta das cabeças de santos e anjos na tradição religiosa ocidental.
Seus filhos, netos, bisnetos e trinetos estudavam pelos métodos educacionais de Jerusém adaptados à realidade de Urântia. Recebiam instrução sobre:
1. A saúde e o cuidado do corpo;
2. As normas do trato social;
3. A relação dos direitos do indivíduo com os do grupo e as obrigações comunitárias;
4. A história e a cultura das diversas raças da Terra;
5. Os métodos para avançar e melhorar o comércio mundial;
6. A coordenação de deveres e emoções contrapostos; e
7. O cultivo dos jogos, do humor e alternativas competitivas à luta física.
As leis do Éden foram promulgadas de acordo com os códigos mais antigos de Dalamátia, inclusive os “sete mandamentos do regime moral supremo.” Ao meio-dia se praticava uma adoração pública e a familiar, ao entardecer. Adão ensinou que “a oração efetiva tem de ser totalmente pessoal e tem de ser o desejo da alma.” Porém os edenitas continuaram a usar as fórmulas herdadas da Cidade Planetária. Ele também tentou substituir os sacrifícios sangrentos por oferendas de frutos da terra, mas tampouco conseguiu muito progresso nesse campo.
Passado mais de um século, os Filhos Materiais sentiam-se isolados e desalentados pela dificuldade enorme de sua missão e pelo que lhes parecia pouco progresso em tanto tempo: “às vezes quase lhes faltava a fé”. No plano mais importante de sua missão, a elevação biológica, defrontavam-se com um problema que lhes parecia insolúvel: as centenas e centenas de tribos que falavam igual número de dialetos não haviam procedido à eliminação dos anormais e degenerados das raças humanas, e não eram receptivos a essa prática saudável. Em condições normais, seu primeiro trabalho teria sido a coordenação e combinação das raças. Porém a realidade era que “jamais nenhum Adão do serviço planetário havia recebido um mundo mais difícil”.
Para complicar a situação, o Príncipe Planetário rebelde continuava em Urântia, opondo-se aos seus propósitos de fidelidade no cumprimento de sua alta missão. Apesar de reiteradas visitas ao Jardim, Caligástia não conseguiu qualquer simpatia de Adão e Eva ou de seus descendentes para as idéias que lhes apresentava. Por esse motivo decidiu atacar indiretamente, aproveitando-se das boas intenção do dirigente nodita Serapatátia, líder da “mais poderosa e inteligente das tribos vizinhas”. Este se aproximou de Eva e lhe conquistou a amizade e a confiança em visitas “cada vez mais íntimas e confidenciais”. Ele também cativou Adão ao propor um programa de cooperação de sua grande tribo de noditas sírios, com vistas a obter o apoio das demais tribos próximas.
Durante mais de cinco anos esse líder honesto e sincero ponderou a Eva que o mundo se beneficiaria muito com o nascimento de um filho mestiço da raça violeta, para conduzir seu povo em estreita cooperação com o Jardim do Éden. Esse projeto foi se desenvolvendo em segredo, entre ele e Eva, até o momento em que Eva concordou em avistar-se com o belo e entusiasta Cano, líder religioso sincero dos noditas amistosos. Antes de se dar conta da gravidade do que fazia (a poligamia era corrente entre os noditas), Eva incorreu no erro fatídico de trair Adão e conceber Caim.
Percebendo que algo estava seriamente errado, Adão chamou Eva para uma área afastada do Éden e ouviu, sob a lua que brilhava, a história completa do grande erro dela. A “voz do Jardim” que lhes falou então, dizendo que haviam transgredido o pacto, desobedecido às instruções e faltado ao seu juramento, foi do Anjo Solônia, que escreveu quatro dos 196 documentos do “Livro de Urântia” e até hoje permanece em nosso planeta.
A lenda da árvore do bem e do mal, contida na Bíblia, vem do fato de que, cada vez que os Filhos Materiais comiam da “Árvore da Vida”, o Arcanjo guardião da planta os advertia a não seguirem “as sugestões de Caligástia no sentido de combinarem o bem e o mal”. A advertência exata era a seguinte: “No dia em que combinarem o bem e o mal, vocês sem dúvida se converterão em mortais do reino; seguramente morrerão”.
As instruções recebidas pelo atribulado casal rezavam que deveriam gerar 500 mil descendentes antes de começarem o processo de miscigenação com as raças locais. Foi a impaciência de Eva e Serapatátia que provocou o desastre, apesar da sinceridade de ambos e de Cano. Nenhum deles tinha real consciência do que estavam a fazer. Adão “não abrigava senão compaixão e lástima por sua consorte desencaminhada”. Ele amava Eva com afeto supra-mortal e desejava seguir o mesmo destino dela. Por esse motivo procurou, no dia seguinte, a talentosa nodita Laota, encarregada das escolas do Éden, e “cometeu o mesmo desatino que Eva”, engravidando-a de Sansa.
Ao saberem do ocorrido com Eva, os habitantes do Jardim se enfureceram, atacaram de surpresa o povo nodita vizinho e não deixaram vivo um só homem, mulher ou criança. Cano foi morto nessa ocasião. Informado do massacre, Serapatátia suicidou-se. Adão, por sua vez, aturdido pelos terríveis acontecimentos, vagou sem rumo por um mês inteiro, correndo grave perigo, enquanto seus filhos procuravam reconfortar a mãe desesperada pelo massacre e pelo desaparecimento do marido.
Porém Adão recobrou a razão e voltou ao Éden para planejar o que poderiam salvar da missão tão subitamente fracassada. Sua degradação ficou patente em 70 dias, quando chegaram os síndicos Melquisedeques para assumir o controle dos assuntos mundiais. O quadro se agravou quando lhes veio a informação de que uma coalizão de noditas se preparava para atacar o Éden, em vingança pela tribo chacinada. Ao procurar aconselhar-se com os Melquisedeques, Adão soube que eles estavam proibidos de interferir em seus planos pessoais, embora pudessem cooperar de bom grado com o procedimento que ele escolhesse.
“Adão não era amante da guerra, por conseguinte optou por deixar o primeiro jardim aos noditas, sem oposição”. Levou consigo 1200 seguidores leais, além de seus descendentes, com animais e mudas de plantas, à procura de um segundo jardim. Ao terceiro dia a caravana foi interceptada por transportes seráficos de Jerusém que tinham a missão de levar todos os seus descendentes menores de 20 anos, mais aqueles dentre os maiores que desejassem seguir para Edêntia, como pupilos dos Altíssimos. Apenas um terço destes decidiu ficar com os pais e enfrentar os difíceis e heróicos dias que estavam por vir.
“Ninguém poderia observar a dolorosa despedida desse Filho e Filha materiais de seus próprios filhos, sem se dar conta de que o caminho do transgressor é duro”. Gabriel apareceu para pronunciar sua sentença: Adão e Eva haviam violado o pacto de seu cargo de confiança, mas não foram declarados culpados de rebelião. Caíram de seu estado superior para o de mortais humanos, devendo enfrentar todas as vicissitudes dessa nova condição. Estariam desligados dos circuitos vitais do sistema e proibidos de comerem da “Árvore da Vida”. Apesar de tudo suas qualidades superiores os farão realizar, no segundo jardim, a heróica (se bem que desconhecida) missão compensatória que trouxe a humanidade para o patamar em que hoje se encontra.
O Segundo Jardim
A grande caravana deixou o Éden em direção ao leste, começando uma viagem de mais de um ano até a Mesopotâmia. Caim e Sansa nasceram durante a viagem: Eva teve um parto laborioso, mas sobreviveu; Laota, contudo, faleceu durante o nascimento de Sansa, que foi então criada como se fosse gêmea de Caim. Esta filha de Adão “chegou a ser mulher de grande capacidade. Casou-se com Sargan, chefe das raças azuis do norte e contribuiu para o progresso dos homens azuis daqueles tempos”.
Quando souberam que se aproximava o sumo sacerdote do Jardim do Éden, as tribos que moravam entre o Tigre e o Eufrates fugiram para as montanhas ao leste. Desta forma se fez pacificamente a instalação dos novos moradores, que trataram de construir suas casas e organizar um novo centro mundial de cultura e religião. Adão e sua família tiveram de adotar métodos rudimentares de vida ao começarem o segundo jardim “com o suor de sua fronte”.
“Menos de dois anos depois de Caim nasceu Abel, o primeiro filho de Adão e Eva que veio à luz no segundo jardim”. Abel era pastor e oferecia aos sacerdotes animais de sua criação. Caim era agricultor e ofertava frutos da terra. As oferendas de Abel eram preferidas, o que provocou a inveja do irmão mais velho. Os dois brigavam sempre, e Abel insistia em lembrar que Caim não era filho de seu pai. Quando tinham 20 e 18 anos, respectivamente, Abel em certa ocasião provocou o irmão a ponto de enfurecê-lo e foi então morto por ele.
Caim havia sempre rejeitado a disciplina e desprezado a religião, porém depois de matar Abel se arrependeu e pediu a Eva uma orientação espiritual. Ao desejar honestamente a ajuda divina, ganhou um Ajustador do Pensamento. Aconselhado a deixar o jardim, dirigiu-se ao oeste, à terra de Nod, onde se casou com Remona, sua prima distante pela família do sacerdote Cano. Seu primogênito Enoque chegou a ser chefe dos noditas elamitas, que por centenas de anos mantiveram boas relações com os adamitas.
Adão viveu mais 415 anos e Eva 396, depois de enfrentarem “com graça e integridade” a nova situação. A prioridade para os dois, sabendo-se mortais, foi ensinar aos filhos e companheiros destes o que sabiam sobre administração, educação e religião. Em seguida aos primeiros anos mais duros, todos foram pouco a pouco esquecendo os dias de glória no Éden e cuidando com dedicação de seu dia-a-dia, cientes de que apesar de tudo era essencial o que faziam para as futuras gerações urantianas.
Como haviam levado consigo grandes rebanhos e alguns animais domesticados, mais centenas de sementes e bulbos de plantas e cereais, tinham boa vantagem sobre as tribos vizinhas. Criaram o terceiro alfabeto de Urântia e lançaram as bases do que viria a ser a arte, a ciência e a literatura modernas. “Mantiveram a escrita, a metalurgia, a cerâmica e a tecelagem, e produziram uma espécie de arquitetura que não foi superada durante milhares de anos”.
Adão preocupou-se em deixar tanta descendência quanto possível, de acordo com o seu principal dever, a elevação biológica. Para esse fim criou uma comissão de 12 membros, chefiada por Eva, para selecionar mulheres das tribos vizinhas que gerassem filhos seus. Um total de 1570 delas tiveram filhos e filhas que sobreviveram até a maturidade. Esses pequenos foram todos criados nas tribos de suas mães e muito contribuíram para o aperfeiçoamento genético de seus povos, fazendo parte da poderosa raça andita.
Pouco após a chegada à Mesopotâmia os Filhos Materiais foram informados sobre sua nova situação espiritual. Ambos haviam recebido Monitores do Pensamento e ao morrer poderiam seguir a carreira ao Paraíso, como os humanos da Terra. Esse fato muito os encorajou na dura transição. Receberam mensagem pessoal de Micael de Nébadon, que entre expressões de amizade e consolo dizia: “Considerei as circunstâncias de vossa falta, e recordei-me de que o desejo de vossos corações sempre foi leal à vontade de meu Pai, e sereis chamados do abraço do sono mortal quando eu chegue a Urântia, caso os Filhos subordinados de meu reino não os chamem antes desse momento”.
Embora tivesse dúvidas quanto ao seu entendimento, Adão passou a comentar com os seus mais próximos que Urântia poderia tornar-se o mais privilegiado mundo de Nébadon, ao ser escolhida por Micael para sua única encarnação humana em todo o universo local. Aos menos íntimos sempre transmitia sua certeza de que viria mais tarde um Filho Paradisíaco para acelerar o progresso do planeta, possivelmente um Filho Instrutor. Não soube ele, até morrer, que “o mal e o pecado em Urântia ofereceram ao Filho Criador um ambiente mais espetacular para revelar o amor, a misericórdia e a paciência sem par do Pai Paradisíaco”.
Ao terceiro dia da morte de Adão foi emitido um mandado de ressurreição dos sobreviventes de sua missão. Foi assim feita uma dispensação de 1316 de seus associados no Jardim do Éden, que juntamente com ele e Eva foram re-personalizados nos Mundos de Aperfeiçoamento Inicial da Alma de Jerusém. O casal passou rapidamente pelos 7 mundos descritos anteriormente e novamente alcançou a cidadania da capital do Sistema, na nova condição de ascendentes. Passado algum tempo, foram designados para trabalhar com os 24 conselheiros do órgão de assessoria e controle de Urântia, onde permanecem.
Como Adão havia prudentemente instruído seus filhos sobre todos os assuntos do jardim, a transição administrativa se fez sem contratempos ao sobrevir-lhe a morte, por falência múltipla dos órgãos (Eva tinha falecido após problemas cardíacos, 19 anos antes). “Os governantes civis dos adamitas foram, por herança, os filhos do primeiro jardim”. Adamson, após alguns anos na Mesopotâmia, partiu para fundar no que viria a ser o Turquestão um centro secundário da raça violeta. Casado com Ratta, a última descendente de pura cepa dos noditas, ele também daria origem aos quase 2000 Seres Intermediários Secundários. O segundo filho de Adão e Eva no Éden, Evason, que tinha sido o principal assistente de seu pai até falecer antes dele, foi o pai de Jansad, o primeiro chefe do segundo jardim após a morte de seu fundador.
O sacerdócio do segundo jardim começou com Set, o mais velho dos sobreviventes nascidos já na Mesopotâmia. Seu filho Enos fundou uma nova ordem de adoração, que se expandiu fortemente quando o seu neto Kenan “instituiu o serviço exterior de missionários para as tribos circunvizinhas próximas e distantes”. O sacerdócio setita atuava de forma global nos assuntos da religião, da saúde, da educação e da inspeção sanitária. Seus ministros estenderam a evangelização até à Europa e ao interior da África, à China e ao Japão – de onde saiu um bravo grupo andita de pouco mais de cem pessoas que, viajando de ilha em ilha pelo Pacífico, deixou monumentos na Ilha de Páscoa e chegou ao Peru, onde se miscigenou com os nativos e deu origem às dinastias Incas.
A partir da morte de Adão, a população humana foi se desenvolvendo progressivamente, sobretudo liderada pelos povos anditas, que combinaram o sangue adamita (do povo violeta, de olhos azuis e cabelos loiros, ruivos ou castanhos) com o nodita (que compreendia os descendentes do séqüito corpóreo infiel do Príncipe Planetário) e o amadonita (do séqüito corpóreo fiel), mais os andonitas (descendentes de Andon e Fonta, inclusive as seis raças de cor). Essa evolução demográfica da Terra, que havia tido contribuições das raças Neandertal e Cro-Magnon, desaparecidas como as raças verde e alaranjada, é uma admirável saga magistralmente descrita no “Livro de Urântia”. Em suas páginas estão todos os elementos para a adequada compreensão da identidade racial contemporânea. É verdade que nos falta bastante para o ideal dos planetas normais da Criação, que também se destinam à Era de Luz e Vida com uma só raça, uma só língua e uma só religião. Porém no Livro estão todas as verdades que nos faltam para nos entendermos melhor e vivermos em paz.
Os valores mais importantes que devemos procurar entender, por serem os que Deus mais valoriza, são a verdade, a beleza e a bondade: “A verdade é a base da ciência e da filosofia, e oferece o cimento intelectual para a religião. A beleza patrocina a arte, a música e os ritmos significativos de toda experiência humana. A bondade (amor) compreende o sentido da ética, da moralidade e da religião – o desejo de perfeição experiencial”.
Brasília, 17 de Dezembro de 2003.
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Fonte: https://rosaldoalves.wordpress.com/textos/o-livro-de-urantia/
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