Tolerância: movimento constante para a mudança

Tolerancia
“Tolerância é continuar mesmo quando você é jogado contra uma parede muito dura. Um quadrado não consegue pular porque é feito de linhas retas, mas uma bola consegue porque é redonda e é geralmente leve. Seja qual for o seu tamanho, ela pulará de volta. Trabalhar em linhas retas significa perder as implicações das coisas, ser limitado e ditado pelo presente. Essa vida é tudo o que existe; nessa postura, você pode mirar diretamente seus propósitos, mas sem qualquer amplitude ou beleza. E os cantos do quadrado, as mudanças repentinas de direção podem machucar as pessoas. Não associamos uma bola com machucar, mas com jogar.
Tolerância vem de percebermos que tudo é um enigma e que todas as coisas funcionam em círculos, que o que é incomodo agora, logo mudará. Há um movimento constante na tolerância, uma flexibilidade por gostar de mudanças. Um quadrado encontra sua posição e isso é tudo. Alguém tolerante pode ajustar-se a qualquer situação, pode introduzir um elemento de diversão e humor. O humor vem de muitas coisas: de uma necessidade de superar imperfeição ou mágoa, ou desespero, mas o humor da tolerância vem de otimismo completo.    
Como é possível ter tolerância de um modo maravilhoso, como uma virtude ao invés de uma necessidade? Primeiro, precisa-se amar a quietude, de novo e de novo percorrer a silenciosa jornada interior; observar o quadro de nascimento após nascimento desdobrar-se; brincar mentalmente com esse ciclo (ou bola) de eventos.Isso cria tal sensação de beleza que, ainda que os problemas e o lado feio sejam vistos, eles são corretamente incorporados ao padrão. Eles fornecem o contraste.
Depois disso, precisamos amar as pessoas, não de um modo superficial, mas como seres que também possuem um padrão intrincado de experiências internas, como seres que possuem um talento singular em seus corações que, na maioria das vezes, está encoberto. Quando você começa a olhar nos olhos das pessoas e a perceber a raridade delas, fazendo com que elas também encontrem sua raridade, então, a tolerância torna-se fácil. Ela é uma expressão do seu respeito por qualidade, por manter a vida excepcional. Onde não há tolerância, tudo torna-se comum, o que é uma pena. É como permanecer carrancudo à margem das coisas. Tolerância é dizer sim ao jogo e aproveitá-lo.”
(Beleza Interior: o livro das virtudes. Anthea Church)

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